Ninguém sabe pelo que passavas. De dia andavas alegre e cheio de energia e à noite devias andar a chorar e sofrer com a tua almofada. A sofrer em silêncio.
Bolas, porque não desabafaste? Era um fardo assim tão pesado que te esmagou?
Olhando para trás sei que devia ter sido mais presente, e dado que não tinhas força para sair sozinho desse poço em que caiste, devia ter te puxado, e insistido. Mostravas estar bem e cheio de vida, mas no fundo estavas cada vez mais fechado e isolado. E infelizmente hoje consigo perceber isso e ver que a minha ausência isolou-te ainda mais da vida, até ela deixar de existir.
Porra, custava assim tanto pegares no telemóvel e ligares? Eu sei que também não te liguei e mal enviava mensagens, mas se estavas mal e em sofrimento dizias que eu ajudava a aliviar. Mas assim deixaste nos a sofrer ainda mais.
Possivelmente gritavas nesse teu jeito, e eu com a agitação do dia a dia não te ouvia. E agora é tarde para te pedir perdão. O que é certo é que não me lembro da ultima vez que te vi realmente rir e sorrir. Podias tentar aguentar essa dor e esconder, mas há sinais que indicavam que algo não estava bem, mas eu próprio fui cedo e deixei-me iludir pelas aparências.
Eu sei, devia ter pegado no carro e ter ido ter contigo. Arrancar-te de onde estavas e simplesmente ter estado contigo. Mostrar te que estava aqui para tudo o que precisasses. Cada vez sinto mais que não bastavam palavras, era preciso ter te demonstrado.
Eu também tenho os meus problemas. Todos temos! Mas eu consigo lidar com os meus, e ultrapassá-los. Tu tentaste viver com eles sozinho, e deixaste ser derrotado por eles.
Agora só me resta rezar, e esperar que estejas finalmente em paz!
Sem comentários:
Enviar um comentário